Fonte da imagem: Singapore International Film Festival
Fala,
meu povo! Um dos candidatos a Melhor Filme nesta edição do Oscar é Marriage
Story, um drama extremamente realista que retrata de forma sensível como um
divórcio pode afetar a vida de todos os envolvidos. Será que esse filme
original da Netflix merecia estar entre os indicados? Com toda certeza! E vou te falar o motivo nesse texto!
História
de um casamento é dirigido por Noah Baumbach, o mesmo sujeito que comandou
Frances Ha em 2012. A história acompanha um casal que se uniu graças à paixão
de ambos pelo universo do teatro, enquanto ela (Scarlett Johansson) é uma
talentosa atriz, ele (Adam Driver) é um diretor conceituado no mercado. Ambos
tem um filho pequeno que se torna um pivô nesse dilema, após os pais perceberem
que o relacionamento não está caminhando conforme deveria. Inicialmente, eles
combinam de não envolver advogados na história, sendo uma separação em
consenso. Entretanto, as coisas mudam e o pedido de divórcio acaba sendo
oficializado, fazendo com que a vida deles mude para sempre daí em diante.
A
primeira referência que vem à mente ao se deparar com essa trama é o longa
Cenas de um casamento (Scenes from a Marriage), dirigido por Ingmar Bergman em
1973, obra que é praticamente consenso entre os críticos e cinéfilos quando se
fala de filmes sobre relacionamentos. E a comparação não é à toa, visto que o
rumo da história começa a ser traçado de forma racional, até que determinadas
situações fazem o lado emocional dos personagens prevalecer. Assim, História de
um casamento se mostra um filme sobre o comportamento humano diante do fim
doloroso mas inevitável.
Sobre
a história, é importante acompanhar o filme sem saber como tudo aquilo vai
desenrolar, pois é algo essencial para reforçar a nossa conexão com a trama. Eu
particularmente fui assistir sem esperar muita coisa, atraído apenas pelo
elenco e por um breve comercial, e tudo aquilo me surpreendeu bastante pois
digamos que por muitos momentos me vi dentro de História de um casamento. Nesse
contexto, fui testemunha e não pude fazer nada para mudar o rumo da coisa, e
tenho certeza que muitos que assistiram ao filme pensam o mesmo, uma vez
que é essa a sensação que o espectador sente à medida que a história avança.
Além
disso, é bom lembrar que o filme não é construído como um melodrama
convencional, até porque a fotografia dele é bem viva, dando destaque para o
ambiente e suas cores, porém fazendo com que o cenário dialogue com a gente,
mudando de acordo com o que os personagens sentem naquele momento. Dito isso, é
bom lembrar que, superficialmente, trata-se de um drama simples, e apesar de não forçar a barra,
consegue arrancar lágrimas, seja por se sensibilizar com aquela situação, ou
também por que em algum momento aquilo fez parte da sua vida. E isso acontece
por que o roteiro e a direção de atores são muito bem alinhados, fazendo com
que a gente se importe com os personagens.
Fonte da imagem: Exame
Tudo
fica ainda pior quando observamos que tanto o personagem do Adam Driver quanto
da Scarlett Johansson possuem icognitas, com atitudes questionáveis proveniente
de ambos, mas logo depois nos sensibilizamos com o ponto de vista de cada um.
No início, ficamos ao lado de quem pede o divórcio oficial, mas passamos a
rever nossa opinião ao ter uma noção de como funciona o outro lado da história.
O fato é que apesar de eu ter me identificado mais com o dilema da Scarlett, a
trama do Adam também faz com que a gente enxergue o personagem de uma forma não
superficial, como ocorreu no início do filme. O tempo de tela de cada um é
muito bem distribuído, e isso é proposital, servindo para mostrar que na
situação aqui ilustrada, nesse contexto, não existe quem está certo ou errado,
uma vez que estamos lidando com emoções humanas.
O
elenco desse filme é magistral, não apenas os dois protagonistas, que entregam
as atuações mais monstruosas de suas carreiras - com direito a explosões de
raiva e atitudes que não condizem muito com o racionalismo - mas também os
personagens coadjuvantes. Particularmente, Laura Dern se destaca como a
advogada da Nicole, com um aspecto bastante empoderado, fazendo com que a gente
se importe tanto com ela quanto pelos personagens principais, pois a trama a
coloca no meio do campo minado, de forma que tudo aquilo não vá afetar apenas o
seu lado profissional. Não é a toa que a atriz ganhou alguns prêmios por sua
atuação, como o Globo de Ouro, o Critics Choice Awards e o BAFTA! Ray Liotta como o advogado do Charlie também manda bem em cena, com
uma atuação mais contida, protagonizando mais cenas tensas com seu cliente, mas
se envolvendo menos com tudo aquilo.
Fonte da imagem: Máxima
A
melhor cena do filme, na minha opinião, é desenrolada já próximo do final,
envolvendo uma discussão pesada entre Charlie e Nicole que faz com que a gente
só assista sem poder interferir, dando uma sensação ainda maior de inquietude
quando ouvimos a frase "em briga de marido e mulher, ninguém mete…",
sabendo que nesse contexto não conseguimos tomar um lado, se sensibilizando com
os dois personagens. Por mais que tenhamos vontade de entrar em cena para
evitar tudo aquilo, logo vem o pensamento de que os dois são pessoas com
objetivos diferentes e que tiveram atitudes que culminaram nessa situação, e
somos obrigados a recuar e apenas torcer para que as feridas sejam, em algum
momento, cicatrizadas.
Fonte da imagem: The New Daily
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Scarlett
Johansson e Adam Driver foram indicados ao Oscar de Melhor Atriz e Ator
respectivamente, e História de um Casamento indicado à categoria principal da premiação,
algo que já é muito relevante para a obra, que chegou até aqui por mérito
próprio, se mostrando algo mais do que um simples drama. Aqui, a parada é
extremamente realista, e observamos como duas pessoas com projetos de vida
diferentes vão lidar com aquela situação. Se interessou? Então, dá uma
procurada no catálogo da Netflix e assista Marriage Story, um dos melhores
filmes lançados em 2019.
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