03/12/2018

HALLOWEEN - Potencial Desperdiçado | Review - João F.


   Fala, meu povo! O ano já está chegando ao fim, e este é o momento em que precisamos avaliar se valeu a pena apostar as fichas em determinado filme. Na minha opinião, sem dúvida, Halloween foi uma das apostas mais promissoras – e arriscadas – de 2018, pois se trata de uma sequência direta do original, lançado 40 anos antes, e tem a difícil missão de agradar aos fãs do filme de John Carpenter, mas também entregar um produto que caia nas graças do público de hoje. Temos aqui um filme de qualidade, mas que acaba ficando no meio termo. 

   

   A Blumhouse Productions é uma empresa especializada em filmes de terror de baixo orçamento, tendo lançado produções que vêm sido consideradas sucesso de bilheteria. Os direitos da franquia do maníaco Michael Myers estão nas mãos dessa produtora, que escalou uma equipe técnica competente: David Gordon Green (diretor), Danny McBride (roteirista), além do próprio John Carpenter, que aqui está como produtor executivo, entre outros envolvidos. Os dois primeiros estão mais envolvidos com comédia, e aqui tinham a tarefa de adaptar Halloween para as novas gerações, sem afastar-se do que foi concebido em 1978.


   Na história, acompanhamos Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), que sobreviveu à chacina provocada por Michael Myers há 40 anos. Ela, que ficou traumatizada e acabou criando conflitos com sua própria família, se preparou desde então para um possível retorno do psicopata, que na noite de Halloween, consegue fugir do seu encarceramento, partindo para a vingança. Laurie, que possui uma casa fortemente protegida, com muitas armadilhas e armas de fogo, precisa proteger sua filha e sua neta adolescente daquele que considera a personificação do mal.


Vamos ser sinceros: a franquia Halloween possui muitos problemas, com várias linhas do tempo, gerando continuações desconexas. A melhor de todas, sem dúvida, foi a que gerou Halloween H20 (1998), o segundo melhor da franquia, em minha opinião. Além disso, tivemos um remake e sua sequência, dirigidos por Rob Zombie, nos anos 2000. Com o subgênero slasher sempre dando o que falar na tela grande, somado ao aniversário de quatro décadas do filme original, não existia momento mais oportuno ($$) para lançar mais uma sequência da franquia, que toma uma decisão corajosa de levar em consideração apenas o primeiro filme, mas que acaba alterando toda a mitologia que foi construída – isso tem um lado bom e outro ruim, pois essa nova sequência, apesar de competente, não consegue ser um evento superior ao Halloween H20, o que nos faz pensar se era mesmo necessário desenvolver uma nova mitologia para Michael Myers, com mais uma linha do tempo.


   A Blumhouse e seus filmes tem virado febre entre os mais jovens, que conseguem de certa forma se identificar com o produto. Se analisarmos Halloween por esse ponto de vista, a obra funciona bem, sendo superior a muitos filmes de terror atuais com adolescentes. Nesse quesito, reconheço que os personagens são mais interessantes do que eu pensava, ainda que não se afastem tanto do estereótipo “jovens que só querem transar”, mas permitem que o público mais jovem se identifique com eles. Quem leva a melhor, evidentemente, é a família Strode, com seus traumas do passado. A Karen, filha da Laurie, interpretada por Judy Greer é uma das personagens mais interessantes, e seu arco com sua mãe, com situações vividas no passado, faz com que as duas estejam sempre em conflito. É um dos maiores pontos altos do filme, visto que, na minha opinião, “humaniza” mais os personagens até mesmo do que no original, que está focado no suspense e na busca por parar Michael Myers.


    No entanto, o maior problema desse filme é o seu roteiro, que acaba por prejudicar o andamento da história. Se por um lado temos uma ótima construção dos personagens principais, por outro existe uma quebra de ritmo da trama, não alternando coerentemente o suspense e o mistério com os dramas pessoais da família Strode. As cenas “chave” do filme – evidentemente, dos assassinatos – são bem construídas, com o diretor David Gordon Green lembrando o mesmo estilo utilizado por John Carpenter há quarenta anos atrás, colocando Michael Myers sempre à espreita, atacando apenas em momentos específicos. Em alguns momentos, apesar de ter ficado feliz na forma como os personagens foram construídos, me perguntei quando o filme iria focar novamente no suspense. É como se existisse uma “pausa” repentina para permitir que a gente continue interagindo com as protagonistas, mas aqui, consequentemente, acabamos até mesmo esquecendo brevemente da trama principal de Halloween. É algo que poderia ter sido aperfeiçoado no corte final, deixando o filme com uma duração menor.

   As cenas de morte estão mais próximas do que acontece no filme de 1978, prevalecendo o suspense, a construção da cena em si, do que a parte gráfica. Não espere encontrar uma violência absurda semelhante a Halloween: O Início (2007), visto que aqui o foco é prestar uma homenagem e continuar o legado do original. O filme é bem contido no quesito gore, algo que é um ponto positivo, mantendo o nível do primeiro filme.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


   Ainda assim, temos um 'Halloween' com saldo positivo, se compararmos aos filmes de terror lançados nos últimos anos, conseguindo entreter o público jovem, ainda que deixe uma pulga atrás da orelha dos fãs do original, que esperavam algo muito mais caprichado, visto o aniversário de quatro décadas do filme. Analisando o resultado do filme, é compreensível que parte do público teve essa reação, visto que um filme como esse tem a responsabilidade de satisfazer as duas plateias (fãs do original e novas gerações). Para o primeiro grupo, Halloween acaba sendo apenas mais uma sequência mediana, apesar de seus bons momentos e referências ao original; enquanto para o segundo, o filme de David Gordon Green é um ótimo atrativo, que além de entreter, - com uma boa trama e atores convincentes - faz com que esse público se interesse em conhecer os demais filmes da franquia. 

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