26/11/2018

Review | O DOUTRINADOR - João F.


    Fala, meu povo! Estamos no auge dos filmes de super-heróis, responsáveis pelos maiores sucessos de bilheteria dos últimos anos. Some isso ao fato de o cinema brasileiro estar ganhando força, e temos O Doutrinador, produção nacional baseada nas HQs de Luciano Cunha. O primeiro filme de super-herói brasileiro chegou aos cinemas, e está despertando a curiosidade de muitos, e garanto que vale a pena garantir seu ingresso!


    Os quadrinhos nos quais o filme é baseado têm uma premissa interessante, embora tenham uma crítica sociopolítica ainda mais aprofundada do que na adaptação, que opta por humanizar mais os personagens e apostar em uma pegada mais realista, algo muito bom. A história apresenta várias diferenças do material de origem, mas isso não vem ao caso, pois além de O Doutrinador conseguir ser uma boa adaptação, é desnecessário fazer uma comparação. Estamos falando exclusivamente do filme.


    Na trama, acompanhamos Miguel (Kiko Pisolato), um agente federal treinado com um forte senso de justiça. Após uma tragédia pessoal, ele enxerga a realidade da situação do país – que encontra-se em período de eleições - e decide fazer justiça com as próprias mãos, indo atrás dos políticos e empresários corruptos. Para isso, ele cria seu alter-ego: o Doutrinador, que não tem piedade na hora de entrar em ação. Assim, o anti-herói ganha a atenção da mídia e conta com a ajuda de uma hacker ativista para derrotar seus adversários.

Fonte: gente.ig.com.br

    Vou mandar a real para vocês: o filme não tem praticamente nada de original. É ótimo o fato de expor a realidade do Brasil – a questão da violência e do descaso com a saúde pública, só para citar alguns temas recorrentes na obra – mas várias produções já exploraram esse tema. O Doutrinador pode ser o primeiro super-herói brasileiro a ir para as telonas, mas é inspirado claramente em personagens mais conhecidos da cultura POP. A “jornada do herói” aqui faz referencia clara ao Justiceiro e até mesmo  a V de Vingança, do Alan Moore. Apesar da referência louvável, quem espera por algo original acaba dando de cara com uma trama previsível, mas isso não quer dizer que seja descartável, de forma alguma.


    Dito isso, O Doutrinador obviamente menciona a política nacional, mas não como tema principal, uma vez que não é tendencioso, dedicando-se a expor todos os podres. Assim, temos um filme que apesar de ter esse pano de fundo, trazendo críticas sociais interessantes, ao mesmo tempo não se leva muito a sério, dividindo o cenário com a trama “super-heróica”. Mesmo não se aprofundando nas analises sugeridas, o filme diverte muito!


   Agora entramos em um ponto questionável: a representação dos políticos. São personagens feitos para serem odiados, e conseguem arrancar isso do espectador, mas de forma caricata. Todas as cenas dos políticos se iniciam  com uma risada forçada digna de vilões genéricos (sem exageros). Nisso, talvez o único que se salve seja Eduardo Moscovis, que manda bem em cena, apesar de aparecer pouco. O grande vilão interpretado por Carlos Betão consegue ser repulsivo, mas isso não o faz menos diferente dos “carinhas de terno” dos filmes de super-heróis.

Fonte: redesulbahia.com.br

   O roteiro é bem escrito, entregando o que prometeu: um material de qualidade. Seria mentira afirmar que não existem furos – algumas situações que não foram explicadas de maneira convincente – mas digamos que os roteiristas (entre eles está o Gabriel Wainer, o eterno Eduardo Andrade de Malhação) conseguem amarrar as pontas. A intenção era fazer com que a estreia do Brasil nos filmes de super-herói fosse satisfatória, e esse objetivo foi alcançado. O rumo tomado pela história é previsível, algo que evidenciamos desde o começo, mas dentro do que propõe, se sai muito bem quando se trata de agradar as plateias.


    O elenco tem participação de nomes como Marilia Gabriela, Helena Ranaldi e Tuca Andrada, que fazem um bom trabalho, com personagens cujas atitudes estão de acordo com o que a história de O Doutrinador propõe. Kiko Pisolato está incrível como Miguel/Doutrinador, um personagem que ganha a empatia do público, que entende seus motivos ao mesmo tempo em que torce o nariz para suas ações extremas. Ele possui um arco forte e intrigante, fruto de uma ótima construção do personagem. Também temos Tainá Medina como Nina, a hacker que auxilia o personagem principal, entregando uma atuação contida, mas ao mesmo tempo magistral, com uma boa trama pessoal.


CONSIDERAÇÕES FINAIS 


    Portanto, temos aqui um ótimo filme! Produção nacional que é mais uma prova de que o nosso cinema de gênero é promissor. Ótimas cenas de luta com uma soundtrack legal, é grande parte de tudo o que queremos. É óbvio que O Doutrinador tem seus problemas, mas nem por isso ele deixa de entreter o espectador. Se você curte uma pegada mais sombria para os filmes de super-heróis, aí está um prato cheio. Ainda que você tenha um pé atrás com relação ao cinema nacional, sugiro que dê uma chance ao filme, sem esperar encontrar uma obra prima do gênero, que a diversão é garantida!

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