12/05/2020

REVIEW | MILAGRE NA CELA 7 E AS NOSSAS LÁGRIMAS


Fala, meu povo! Hoje vou fazer uma análise de Milagre na cela 7, um verdadeiro fenômeno que chegou recentemente a Netflix. Um ótimo filme que merece ser visto, não só pela trama comovente, como também por suas influências. Texto com pequenos spoilers!



Com a popularização dos canais de streaming, gerando uma concorrência daquelas no mercado, é notório que as líderes busquem uma marca registrada com fins de se destacar. No caso da Netflix, nós temos uma demanda significativa de filmes provenientes de outros países - que não seguem a cartilha estabelecida por Hollywood nos EUA. Dentre as novidades no catálogo, temos o turco 7. Koğuştaki Mucize, lançado oficialmente em 2019 e já deu as caras no Brasil arrancando várias lágrimas dos assinantes da Netflix. E o motivo para tal é compreensível, uma vez que temos uma história comovente abordada numa boa qualidade. O filme é sensacional!

A trama é ambientada na Turquia no início dos anos 1980 e apresenta Memo, um homem com problemas mentais que vive com sua filha pequena Ova e sua avó Fatma. Acontece que a sua doença é motivo de piada para os colegas de Ova e para boa parte da população da cidade onde eles moram. Certo dia, a filha de um comandante do exército sofre um acidente e Memo, por estar no local naquele momento, é apontado como culpado e enviado para a prisão. Uma vez lá, ele fica na "cela n°7" e faz amizade com os outros presidiários que usam sua influência lá fora para fazer com que Ova volte a ver seu pai e lute para provar sua inocência, após Memo ser injustamente condenado à morte na forca.


Fonte da imagem: Plano Crítico

A premissa lembra um pouco The Green Mile (1999) - lançado aqui no Brasil como A espera de um milagre - e de fato notamos essa influência na produção turca. Porém, Milagre na cela 7 é o remake de um filme Sul-coreano de mesmo nome lançado em 2013, que já ganhou algumas versões em outros países. A premissa é interessante, e a história de passa numa época em que a Turquia vivia uma ditadura - entre 1980 e 1983 - e os militares tinham muita influência, estando no poder. Um dos personagens até menciona a questão das vindouras eleições, dando a entender que já está próximo da "reabertura política", se passando em 1983. Isso, inclusive, move uma grande parte da narrativa, durante o segundo ato.

Cena do filme "A espera de um milagre" (The Green Mile, 1999)
Fonte da Imagem: Hollywood Reporter 

Entrando no campo dos spoilers, temos uma obra que em sua estrutura até pode parecer previsível, com situações que a gente já viu em outros filmes mais conhecidos, mas isso não deixa de ser interessante. O filme encontra sua própria maneira de contar essa história de forma igualmente comovente, e é uma oportunidade para os espectadores conhecerem produções turcas. O filme, em sua narrativa, não segue os padrões de Hollywood, mas ainda assim possui várias referências a isto. Por exemplo, a cena em que Memo é levado para a prisão e Ova tenta impedir que deu pai seja transferido, é claramente uma influência de O garoto (1921), filme de Charlie Chaplin que tem uma cena igualmente comovente, onde o personagem de Jack Coogan é levado para o orfanato, porém no filme turco os papéis são invertidos. Não sei dizer se foi intencional, mas foi algo que me chamou a atenção. 

Cena memorável e triste do filme "O garoto" (The Kid,1921) 
Fonte da imagem: The Criterion Collection 

Eu não mencionei o clássico do cinema mudo por acaso, pois podemos pegar esse caso isolado e analisar a forma como o filme foi feito. Milagre na cela 7 certamente foi feito mirando no mercado internacional, e essas referências nas entrelinhas são algo para fazer com que o espectador se "familiarize" com a história. Porém, obviamente temos isso sendo contado nos moldes das produções da Turquia, aqui adaptando para um contexto histórico tão importante. Talvez essa seja a razão pela qual esse filme chamou tanta atenção do público brasileiro nas últimas semanas, pois nós já vimos uma história assim ser contada várias vezes, isso sem mencionar os outros pontos positivos da obra, que são vários.

Fonte da imagem: HITC

É evidente que o desempenho do elenco, a determinação do diretor e o roteiro bem equilibrado também contribuem para isso, sendo a espinha dorsal do projeto. Temos também um humor inserido na história, porém de forma descontraída, soando natural, após os personagens interagirem na tal "cela 7". Além do fato de que é impossível não dar aquele sorriso bobo quando o Memo e a Ova se abraçam, né?! Isso é mérito total do roteiro, que consegue dar conta dos seus vários personagens, que contribuem de alguma forma para o andamento da trama. Outro ponto que chama a atenção é o final, que apesar de ser bem "claro", deixa algumas questões no ar, que servem para a gente interpretar. Esses questionamentos, no entanto, não atrapalham a experiência, uma vez que a mensagem foi passada e a essência do filme, mantida.

Fonte da imagem: AdoroCinema

Considerações finais 


7. Koğuştaki Mucize é um filme espetacular, e conseguiu arrancar lágrimas deste que vos escreve. Se você ainda não viu, assista imediatamente! É um drama muito interessante, comovente, feito para ser visto com a família comendo pipoca (só não esqueça do lenço de papel). Lingo Lingo! 


Fonte da imagem: Hq's com Café

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Arte da capa: Observatório do Cinema - UOL

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