Fala, meu povo! Agora 2020
começou valendo, após o carnaval! Dentre as produções que comentamos que
poderiam ser relevantes para o Horror esse ano, The invisible man era um dos filmes que eu menos colocava fé, mas
eis que temos aqui uma grata surpresa!
O Homem invisível é uma produção
estadunidense dirigida por Leigh Whannel (colaborador de James Wan), que é mais
conhecido por seus trabalhos como roteirista, sobretudo na franquia Jogos
Mortais. Entretanto, em 2018 ele lançou Upgrade,
filme de suspense que aborda os perigos da tecnologia, e essa temática foi
novamente aplicada no novo longa-metragem da Blumhouse Productions, que consegue
mesclar vários elementos das produções hollywoodianas produzidas nos últimos
anos. Assim, The invisible man se mostra um suspense aterrorizante ao misturar
referências tecnológicas dignas das ficções científicas atuais com o medo que o
ser humano tem do desconhecido. Daqui a pouco vocês vão entender melhor esse
meu raciocínio.
Fonte da imagem: Roger Ebert
Na história, acompanhamos Cecilia
Kass (Elizabeth Moss, de The Handmaid’s Tale), uma mulher que vivia um
relacionamento abusivo com seu companheiro Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen), um cientista líder
mundial em pesquisas sobre óptica. Certo dia, ela é surpreendida pela notícia
da morte do embuste sujeito, que deixara uma herança para a moça. No
entanto, não demora para Cecilia ser atormentada por uma força misteriosa que
nossos olhos não podem ver, chegando à conclusão de que seu ex-marido descobriu
um jeito de ficar invisível e, além de ter forjado sua própria morte,
aparentemente voltou para tornar a vida da mulher um verdadeiro inferno. Agora,
ela precisa enfrentar a ameaça e convencer seus amigos de que está falando a
verdade.
A premissa por si só já é bastante interessante, uma vez que
temas importantes são discutidos nas entrelinhas, tais como a superação de
traumas, e relacionamentos abusivos e suas consequências para os envolvidos. Essa
pegada de ‘horror social’ misturada a elementos recorrentes do suspense (nem
tanto) expositivo e também à ficção científica funciona muito bem, pois tanto a
direção quanto o roteiro são alinhados, colaborando para o desenvolvimento da
trama de maneira natural, sem parecer forçada. E o melhor: a trama é bem direta!
Já nos primeiros minutos, percebemos o ritmo frenético da história, e mesmo “pegando
o bonde andando” nessa trama – uma vez que não somos apresentados à flashbacks
da personagem principal – nós pegamos o pique dos protagonistas e vamos
seguindo pegando os elementos necessários para compreender The invisible man e sentir a vibe da história.
Fonte da imagem: EURweb
Não é do tipo de filme que precisa se esforçar muito para
entender a história, principalmente a partir da metade, quando começamos a
entender o que está ocorrendo de fato. Todas as cartas são colocadas na mesa, e
agora nos resta acompanhar a jornada da protagonista, que devido ao seu dilema,
carrega o horror psicológico da história. O impacto é ainda maior para as pessoas
que já vivenciaram ou conhecem alguém que já esteve em um relacionamento
abusivo. Quando digo que o jogo é mostrado supostamente inteiro ao espectador,
digo que apesar de alguns clichês presentes – como objetos que aparecem quando
é mais conveniente e situações mal explicadas – O homem invisível nos mantém
entretidxs até o final, com direito a uma pequena surpresa pouco depois do clímax.
Fonte da imagem: Ars Technica
Já que estamos falando de clichês de um filme de horror, e
quanto aos jumpscares? Bem, como estamos falando de uma produção estadunidense
um tanto convencional, é obvio que os sustos se fazem presentes, mas a
diferença é que o diretor Whannel sabe muito bem como equilibrar esses momentos,
construindo a tensão até a metade, pois a partir daí The Invisible man segue o
fluxo, deixando o espectador tenso para saber como aquilo vai acabar, porém sem
se preocupar mais com os sustos.
Fonte da imagem: Pinterest
Sobre as atuações, o maior destaque fica com a Elizabeth
Moss e sua Cecilia Kass, conseguindo passar a ideia de que temos uma
protagonista enfrentando um trauma do passado e buscando enfrentar isso. Oliver Jackson-Cohen também funciona como Adrian Griffin, apesar de sua participação ser relativamente pequena, pois é essencial para a trama. Os
efeitos visuais também funcionam bem, sendo nada grandioso mas sim eficiente,
colaborando para manter a tensão. Tem uma cena em especial que é um plano
sequencia genial, se passando no hospital, mostrando o jogo de câmeras que faz
a gente perceber que o tal homem invisível sempre está à espreita, isso ainda quando o tal "espectro" ainda não tem se revelado por completo.
Fonte da imagem: The Bulletin Time
CONSIDERAÇÕES FINAIS
The invisible man
é mais uma adaptação do clássico de H.G. Wells, que era mais conhecida pelo
filme de 1933 e, podemos dizer que essa nova versão atualiza bem a obra para os
dias atuais, sobretudo em um contexto onde relacionamentos abusivos e crises de
casamento deixam muitos traumas e feridas que tardam para se curar. Assim, tudo
aquilo pode ser interpretado como uma ilustração de um hematoma que persegue a
protagonista e, em determinado momento, apenas o espectador se conecta com ela
e a ajuda a enfrentar a ameaça. O Homem Invisível é um suspense inteligente e imperdível!
Fonte da imagem: Luiz Andreoli
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