Fonte da imagem: Passa Palavra
O Carnaval é esta época linda para se sair nas ruas - especialmente daqui do Recife/Olinda - o maior Carnaval de rua do mundo - para desfilar com nossas fantasias, sair com os amigos e amigas, encher a cara beber um pouquinho, e enfim! Fazer tudo o que sabemos que é de lei na grande festa das ruas.
Mas recentemente o diretor Marcelo Gomes (Viajo porque Preciso, Volto porque te Amo [2009], Joaquim [2017] ) voltou nossas atenções com o seu documentário para uma inusitada cidade do Agreste pernambucano chamada Toritama, com pouco mais de 40.000 habitantes, e o trabalho orgulhoso das pessoas desta cidade, conhecida como 'A Capital do Jeans', que produz sozinha mais de 20% de todo o Jeans (sim, a roupa!) do Brasil. Estes trabalhadores vivem suas vidas pela produção, cuja venda anual é revertida e focada em um único objetivo: Viajar para a capital de Pernambuco em busca do Carnaval.
Apesar do tom 'engraçado' que a história possa trazer, o filme de pouco mais de uma hora acaba mostrando a triste transformação de uma cidade e dos corpos dos indivíduos desta cidade, em grandes extensões da vida industrial, onde as pessoas são chefes de si mesmas, mas que ao mesmo tempo se auto-escravizam, com jornadas de trabalhos abusivas, que ultrapassam 15 horas de trabalho por dia. E se mesmo com as longas jornadas não consigam arrecadar o dinheiro necessário para a viajem, então se endividam, e vendem todos os seus pertences, para poderem a todo custo fazer a viajem.
O documentário é um alerta sobre a importância do tempo, da divisão que nos submetemos todos os dias, entre horas de trabalho e horas de lazer; hoje temos muito mais entretenimento de fácil acesso, e tantas coisas para consumirmos todos os dias. Mas para chegar lá, nestes momentos de descanso, nos subordinamos a várias horas de trabalho duro e cansaço... E nos parabenizamos por isso.
Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar mostra a importância do ócio. Nos faz questionar as nossas próprias jornadas de trabalho, e nos convida a refletir sobre como pensar em nós mesmos não é contra-produtivo. Os nossos trabalhos não podem (ou pelo menos, não deveriam) reger as nossas vidas. Não devemos viver morrendo, esperando por dois minutos de descanso. Não podemos viver esperando o carnaval chegar.
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