09/01/2019

O Texto era meu, mas agora é da AMAZON - Mallu


   E- commerce é um fenômeno ao redor do mundo entre grandes, médias e pequenas empresas. A comodidade da internet (marketplace, serviços de streaming, algoritmos) trouxe para os consumidores um novo hábito: Não precisar sair de casa e deixar a cargo das empresas a decisão de quais produtos consumir. Claro, eu digo isso como usuária do Netflix, Ifood e Spotify. A ideia de sair de casa para comprar algo está se tornando uma realidade cada vez mais distante.


    Os diferentes setores estão se readaptando (ou sucumbindo) a esses novos hábitos. O número de livrarias e papelarias no Brasil encolheu 29% em 10 anos, nos EUA grandes varejistas fecharam mais de 5.000 lojas físicas em 2017 e aqui no Brasil a Saraiva e Livraria Cultura estão seguindo pelo mesmo caminho... E não preciso nem falar do fracasso das vídeo-locadoras depois da chegada das TVs a cabo e logo em seguida o streaming. O aumento gradual de acesso a internet fez o comércio eletrônico crescer 12% em 2016, segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico ABComm). E a tendência é aumentar.


   Mas falando bem sério agora. Nossa preguiça é quase sempre maior que nossa consciência, certo? Claro que já me passou pela cabeça “Será que esse boom de apps de delivery não tem a ver com a precarização do trabalho de carteira assinada? Será que essas empresas não estão se aproveitando disso?” Dois segundos depois, estou pedindo uma pizza no Ifood. Conveniência é tudo para nossa geração. E os dados dos clientes são ouro para as empresas. Eu já falei disso por aqui, mas dessa vez vamos fazer um mergulho profundo.


   Existem três formas de se ganhar dinheiro com E-commerce: Sendo uma empresa física que vende produtos online; Sendo uma intermediária onde empresas físicas catalogam seus produtos e ganhar uma porcentagem em cima disso (marketplace); Sendo uma empresa de suporte online que oferece espaço e processamento das informações dos sites tanto de marketplace quanto de empresas físicas.


   Os exemplos mais famosos de marketplace por aqui são a OLX e o Mercado Livre (Aliexpress é um bom exemplo de marketplace de sucesso. O Ebay ainda existe?). Essas plataformas são apenas ‘shoppings virtuais’ no qual empresas físicas catalogam seus produtos. Elas usam os dados desses clientes para sugerir determinado produto ou empresa. Esse tipo de negócio é bastante comum e se estende para outros segmentos. Por exemplo, o Spotify é um lugar onde artistas colocam suas músicas; O Spotify é apenas um intermediário entre você e a música do artista, mas ele não produz nada de fato. O mesmo serve para Netflix que é um serviço de streaming de filme dos outros (atualmente ela tem se aventurado em algumas produções autorais, mas a maioria do seu acervo é assinado por terceiros).


   Entretanto, todas essas plataformas precisam de armazenamento de banco de dados, serviços de nuvem e um excelente suporte de processamento de informações. E é aí que entra a terceira forma de ganhar dinheiro com e-commerce. O campeão de vendas online do Brasil é Netshoes, com mais de 20% do mercado, atrás dela aparecem nomes como Americanas, Walmart, Aliexpress, Submarino e a Amazon com míseros 1,7% da fatia do mercado de varejo online. A Amazon ainda não possui loja física no Brasil e não é tão conhecida por aqui, então, isso já era esperado. Mas sabe quem está com um mercado consolidado no Brasil? A Netflix, Ifood e o Spotify. E todos eles usam o serviço de web da Amazon (AWS).


   A Amazon começou em 94 na garagem do Jeff Bezos - ele mesmo! o Dono da Origin Blue - ele vendia livros por catálogo online. Ele conseguia manter um catálogo imenso de livros por causa de parcerias com atacadistas e distribuidoras. Então, a Amazon sempre tinha o livro que você queria e o entregava o mais rápido possível. O site da Amazon no anos 90 era bem estruturado e intuitivo, motivos que seguraram as vendas por um ano e fizeram a Amazon continuar crescendo. Logo, a empresa começou a incomodar as grandes livrarias dos Estados Unidos, como a Barnes & Noble. No primeiro mês de funcionamento, a Amazon já recebeu pedidos de todos os 50 estados dos EUA, além de 45 países ao redor do globo. Em 97, ela fez a oferta pública de ações já mostrando números bem impressionantes. Naquele ano, já eram mais de 2,5 milhões de livros no catálogo e 148 milhões de dólares em vendas. Depois dos livros vieram: CDs e DVDs, eletrônicos, brinquedos entre outros produtos. Em 2000, a Amazon se torna oficialmente um Marketplace vendendo o produto de terceiros e ganhando uma porcentagem da venda. Em 2005, o serviço de streaming Amazon Prime é lançado. Em março de 2006, começou a funcionar publicamente o Amazon Web Services, ou AWS, que era quase uma empresa separada para armazenamento e hospedagem na nuvem. A Amazon é responsável por 49% do mercado de e-commerce nos EUA - a nível de comparação o segundo lugar ocupado pelo Ebay tem apenas 6,6% de fatia do mercado. Ela ultrapassa o Wallmart sem grandes dificuldades no quesito varejo e seu serviço de web tem clientes como o Pentágono, Nasa, Comcast, Mcdonald’s, National Geographic, Samsung Shell, enfim a lista continua infinitamente e se espalha por setores como: Engenharia espacial, indústrias petrolíferas, desenvolvedores de software e inteligência artificial, serviço de streaming, empresas alimentícias, universidades e órgãos governamentais.



   Vamos recapitular. Lembra das três formas de ganhar dinheiro com e-commerce que citei anteriormente? A Amazon conseguiu ocupar todos os itens daquela lista em 24 anos de existência! A empresa vale 1 trilhão de dólares atualmente. O mais curioso é que a palavra monopólio não é de forma alguma associada a esta empresa. Monopólio é quando uma empresa cresce tanto - agindo igual ao um pacman - controlando o mercado e os preços e acaba eliminando a concorrência. Sem competição ou ameaças a empresa dominante simplesmente não precisa obedecer as regras do jogo do mercado e fica livre para fazer o que quer.


   A Amazon é o pacman das empresas. Ela não se importa de perder dinheiro para ganhar uma fatia do mercado que quer conquistar. Ela começa incentivando as pequenas e médias empresas a catalogar seus produtos no site, e como tem acesso aos dados das empresas, ela pode optar por comprar os produtos direto do fornecedor e vender bem mais barato para o consumidor, fazendo a empresa perder dinheiro e ficar vulnerável por uma oferta de compra feita pela própria Amazon. É o que está acontecendo com as livrarias físicas nos EUA. Apesar dos tentáculos da Amazon não pararem de crescer sobre serviços básicos, eletrônicos livros e afins, isso nem é o mais lucrativo para a ela. O AWS é onde realmente está o ouro da empresa. Só no ano passada o AWS faturou 17,5 bilhões só com cibersegurança.

   A Amazon é tão líder em computação da nuvem que todas as outras empresas parecem depender dela para estarem online. O mercado mundial de infraestrutura como serviço (IaaS) cresceu 29,5% em 2017, totalizando US $ 23,5 bilhões, acima dos US $ 18,2 bilhões de 2016, segundo a Gartner, Inc. A Amazon foi a fornecedora número 1 do mercado de IaaS em 2017, seguida pela Microsoft , Alibaba, Google e IBM. Ela conseguiu centralizar todos as necessidades de empresas e consumidores num só lugar. Está conseguindo ter controle sobre todos os dados que importam. Ela sabe quem você é, o que você compra e vende diretamente para você. Os anunciantes precisam dos dados, vendedores dos clientes, empresas precisam de servidores e a Amazon tem tudo isso.



   A falta de regulação governamental sobre essas companhias é de uma incompetência impressionante. As leis antitruste americanas datam de 1890 e simplesmente não conseguem enquadrar a Amazon em crime de monopólio - assim como não conseguem realizar sanções com Facebook, Twitter, Google... Mas enfim! Isso é assunto para outro texto. Elas entram em países não-reguladores como o Brasil, com carta branca para explorar o mercado consumidor daqui. Eu acredito no perigo e na irresponsabilidade de permitir que companhias como a Amazon concentrem tantos dados assim. Entregamos a faca e queijo nas mãos dessas empresas sem perceber. E chegamos a um patamar em que se a Amazon puxar o plug da tomada, não sobra absolutamente nada.


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Para fazer esse texto eu tive ajuda do documentário Freenet 
e do episódio ‘Amazon’ da série Patriot Act da Netflix.

Referências:
https://computerworld.com.br/2018/09/12/como-a-netflix-concluiu-uma-migracao-historica-para-nuvem-aws/
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https://computerworld.com.br/2018/11/27/amazon-distribui-estacoes-terrestres-para-gerenciar-satelites-em-cloud/
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https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/12-dados-que-comprovam-o-crescimento-do-e-commerce-no-brasil/
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https://www.forbes.com/sites/andriacheng/2018/11/14/microsoft-nielsen-join-forces-to-make-personalized-data-a-closer-reality-to-the-cpg-industry/#39b363896dda
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https://techcrunch.com/2018/07/13/amazons-share-of-the-us-e-commerce-market-is-now-49-or-5-of-all-retail-spend/
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https://www.disruptiveadvertising.com/ppc/ecommerce/2018-ecommerce-statistics/
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https://aws.amazon.com/pt/solutions/case-studies/
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https://aws.amazon.com/pt/partners/success/verizon/
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https://www.youtube.com/watch?v=7G7DPNXPJJQ
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https://www.gartner.com/newsroom/id/3884500

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