O universo criado por
Robert Kirkman há alguns anos faz um grande sucesso, mas demostra um
desgaste no cenário televisivo atual que cresce, se desenvolve e é muito notado pelos fãs. Hoje o NerdSpeaking traz - nada mais justo - um review sincero de THE WALKING DEAD, para entendermos onde estamos agora.
Em um primeiro momento, vamos comentar e
analisar a última temporada de The
Walking Dead. Em sua oitava temporada, a série continuou a adaptar um dos
melhores arcos das HQs escrita por Robert Kirkman: Todos em Guerra. Só isso é
um fator dificultador, mas, além disso, os escritores tinham que fazer algo
novo e interessante para chamar atenção e manter a audiência – a qual estava
irritada por muitas manobras fracas e pedantes.
FONTE: Pinterest |
Nesse cenário, adaptar é um
verbo que precisa ser muito bem complementado! Os roteiristas da série (e
principalmente o Showrunner Scott M. Gimple) tomaram várias decisões drásticas
desde o início, mas as últimas parecem tirar alguns elementos da essência
original (a morte de certo personagem). Enquanto que The Walking Dead tem um problema com excesso de violência, ou seja,
uma violência gratuita, sem algum propósito narrativo; Fear The Walking Dead tem outro problema que sua originária
recentemente adquiriu: falta de envolvimento e empatia com os personagens.
The
Walking Dead já era conhecida pela sua lentidão (lembram-se da segunda
temporada?), mas a recompensa era grande e muito boa, valia a pena! Nos últimos
anos, até a sexta temporada, isso ainda era realidade. Contudo, o final desta
temporada fez uma das atitudes mais ridículas de toda a indústria: não mostrar
quem morreu nas mãos de Negan. Na atual temporada, o programa faz o que já
vinha construindo: uma temporada com episódios lentos e muitas vezes vazios,
entretanto com alguns momentos interessantes, com certo valor de
entretenimento. Mas o desgaste, falta de originalidade (que os roteiristas
da série pareciam sempre querer evitar), arcos repetitivos, inconsistência de
personagens, falta de objetivo e perca do senso de finalidade são acréscimos
que os roteiristas deveriam pensar ao escrever a série assim como o showrruner
– que literalmente dirige a série.
FONTE: AMC |
The Walking dead já foi “vanguarda”!
Essa frase pode parecer preciosismo ou uma
exaltação de um antigo fã, mas o programa de televisão já nos proporcionou
grandes momentos da televisão mundial: maquiagens incríveis, frases memoráveis,
grandes reviravoltas, GRANDES MORTES (que tinham peso), desenvolvimento de
personagens (Carol que o diga!), mistérios, conflitos filosóficos etc. etc. Um
grande diferencial era o ritmo dos episódios (dos episódios-recompensa) e a
própria noção de episódio-recompensa. A ideia de vanguarda vem do francês avant-garde e significa aquele que
vem a frente, isto é, que se propõe a fazer as coisas fora da curva, do lugar
comum. Nesse sentido, o seriado se colocava em tal posição no que se refere à
maquiagem, estética, temáticas, violência gráfica etc.
O grande problema de The Walking Dead, narrativamente falando, parece ser o mesmo de seu
derivado Fear TWD: a perca da proposta
narrativa.
A primeira temporada de Fear The Walking Dead tinha uma proposta
e abordagem diferente. Houve um longo deslocamento de tempo-espaço em relação à
série original – a série começou em L.A no início do que viria a ser o mundo
pós-apocalíptico. A partir de sua segunda temporada o derivado manifesta a perca
de seu foco narrativo e começa a tentar – sem sucesso expressivo – novos
caminhos (com ideias interessantes, mas mal desenvolvidas). Um dos pilares que
carrega o investimento e engajamento do público em uma história é a mensagem
que se deseja comunicar: o propósito da história. Isto não precisa ser dito
(eis aí a dificuldade de escrever roteiro), só que pistas e o senso da ideia
são imprescindíveis na relação audiência-programa. Qual a mensagem que TWD quer
passar? Uma crítica ao capitalismo e consumo (como os filmes de zumbi do
Romero)? Um ciclo eterno de morte e vida? Ou um ciclo de conseguir um local
seguro e ele perecer?
FONTE: AMC |
Só “sobreviver” não é um fator de conexão
tão forte com a história, pode ser até algum tempo, mas depois de algumas
temporadas...
“Qual é a tua história?” (What’s your story?) é o episódio de
estreia da quarta temporada de Fear TWD e o primeiro crossover entre as
narrativas. As séries estavam com problemas relacionados à esfera criativa e a
solução encontrada pelos roteiristas do universo criado por Robert Kirkman
parece ser o Crossover, que funciona como um reboot para as duas histórias: um
bem vindo frescor.
A finalização da oitava temporada de TWD abre
caminho para o que foi feito com na atual temporada de Fear TWD: reboot, recomeço:
novas articulações e dinâmicas. No decorrer de toda temporada de The Walking
Dead – assim como em temporadas passadas –, o personagem Morgan Jones encontra
problemas ligados à sua saúde mental (repetição de arco já comentada). A partir
dessa problemática o personagem sai do ciclo de comunidades e cai na estrada
(repetições). É sob o ponto de vista deste personagem que a première de FTWD se
constrói.
FONTE: SuperHeroHype |
A interpretação de Lennie James é sensacional! Ele carrega o episódio
inteiro nas costas trazendo coerência e consistência ao personagem – me parece
que sabem o que vão fazer com o personagem agora. O Mais interessante na
maneira como o episódio é contado são as perguntas que você se faz com o passar
do tempo: onde estamos? Em que tempo? No passado (que é o presente da narrativa
de FTWD)? Ou no presente da série principal? O que aconteceu com tal
personagem? A trama se desenvolve, novos personagens são acrescentados (bons
personagens, diga-se de passagem!), ação acontece e conflitos são estabelecidos
(lê-se o fim do episódio!).
A ideia de um reboot através de um
crossover oxigena a trama, traz novos conflitos e utiliza um personagem que
gostamos para revitalizar a composição dramática. Esse evento tem impactos no
universo das séries e levanta várias questões (o que demostra que a narrativa
consegue, em algum nível, engajamento) com, por exemplo, onde está Madison? O
que aconteceu para que os personagens que conhecíamos fizessem isso? O que
mudou? Os roteiristas parece terem se dado conta de uma das bases para se
escrever roteiro: a elipse de informação e o seus usos para envolvimento com a
trama, isto é, manipular a audiência para construção de reviravoltas
interessantes. Enfim, o encontro das séries possibilita para ftwd novidades e novos conflitos – caso
os escritores mantenham o nível. No que diz respeito à série principal, o
caminho parece ser o mesmo (assim como nos quadrinhos): um grande salto
temporal com as mesmas boas consequências que a série derivada pode ter.
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