Fala, meu povo! Já disse aqui várias vezes que Horror nacional é sensacional. Entrevistamos o diretor Adriano Portela, que é o idealizador de Recife Assombrado, longa-metragem pernambucano extremamente promissor. A gente bateu um papo bem interessante. Vem conferir!
OBS: Por conta da COVID-19, a entrevista foi realizada por e-mail, pelo colunista João Ferreira.
Na trama de Recife Assombrado, um jovem volta ao Recife, sua cidade natal, após 20 anos. Uma vez na capital pernambucana, ele segue em busca de seu irmão desaparecido, e percebe que as coisas na cidade não são o que parecem após esta revelar seus segredos sobrenaturais. O longa-metragem é uma jornada pelas histórias das lendas que assombram o Recife, descritas em detalhes no livro "Assombrações do Recife Velho", do sociólogo Gilberto Freyre.
Assista ao trailer do filme, aqui: https://bit.ly/3aR83aG
Se você reside na capital pernambucana ou arredores, é bom saber que o Recife Assombrado é um tema bastante explorado não só pela literatura e pelo cinema mas também pela indústria do Turismo, com várias excursões dedicadas a conhecer melhor esse lado "sombrio" do Recife e as histórias curiosas e um tanto assustadoras. Pois bem, sabendo disso, entrevistamos o Adriano Portela, diretor do longa-metragem pernambucano estrelado por Daniel Rocha. Confira:
Na imagem abaixo, o diretor Adriano Portela em coletiva de impressa do filme.
Fonte da imagem: Allmanaque/ Foto: Johann Sebastian
1) Fale um pouco de sua trajetória pelo cinema pernambucano.
A minha trajetória se iniciou ainda na graduação em Jornalismo. Um ano antes de me formar conclui meu primeiro curta: “O sobrado de São José” (2006), inspirado em um conto homônimo de Gilberto Freyre. Eu nem sabia ainda escrever roteiro no formato certo, mesmo assim fiz o filme e ele até circulou em festivais, foi para o Rio Grande do Sul e na época também foi exibido no finado Teatro do Parque. O problema foi, quando voltei das férias descobri que ficção não servia como projeto de conclusão de curso, precisava ser um documentário. Fiquei três dias bem triste, depois resolvi recomeçar e fui apurar sobre o caso da menina que havia sido brutalmente assassinada na década de 1970 e que teria se tornado uma espécie de santa popular. Realizei o documentário “Menina Sem Nome”. Foi, por incrível que pareça, meu curta que mais rodou o Brasil em festivais, foi finalista no festival universitário da UFRJ, rendeu casos extra-documentário (mas aqui já rende outro longo bate-papo haha), hoje tem 52 mil visualizações no youtube e todo ano o doc exibido nas emissoras locais em época de finados. Então tomei gosto e decidi ficar realizando filmes, um deles, chamado “Reverso”, venceu o festival do minuto do “Agora Curta” da Rede Globo Nordeste.
2) Qual foi sua principal inspiração cinematográfica para levar algumas das histórias mais curiosas da cultura recifense para os cinemas?
Difícil elencar um nome só, já que é para escolher posso dizer que o trabalho do diretor Stanley Kubrick muito me agrada. O Iluminado é o filme que sempre me pego as voltas assistindo. Porém, o cinema de Alfred Hitchcock, principalmente com Psicose, é uma grande inspiração. E dois filmes contemporâneos me serviram de referência: Os Outros, de Alejandro Amenábar e The Babadook, da diretora Jennifer Kent. Para finalizar, sou um apaixonado por filmes nacionais e por seus diretores: Glauber Rocha, Cacá Diegues, o pernambucano Camilo Cavalcanti, entre outros.
3) Você sempre gostou das histórias que envolvem o Recife Assombrado? Qual a sua favorita?
Esse universo assombrado sempre me fascinou. O livro de Freyre é uma obra prima, uma ficção cheia de memória, trata de morte, mas é repleta de vida. Os livros de Roberto Beltrão e André Balaio e o trabalho de pesquisa que eles desenvolvem há 20 anos no site orecifeassombrado.com são primorosos. Os três estão no filme, Freyre, nessa homenagem, e os meninos, que são roteiristas.
O clássico livro de Gilberto Freyre, publicado pela primeira vez em 1955.
Fonte da imagem: Amazon
4) Fale um pouco sobre o desafio de rodar um longa-metragem em Pernambuco e como isso contribui para o cinema de gênero no Brasil.
A grande dificuldade para se rodar um longa-metragem em Pernambuco é conseguir o suporte financeiro necessário. Produzir longa tem seu custo, Cultura é um investimento e o Brasil ainda não entende isso. Nós conseguimos um edital da Ancine, o Prodecine 01, e, mesmo assim, com valor bem abaixo da tabela eixo Rio-São Paulo. No nordeste todo só foram três projetos, um deles “Recife Assombrado: o filme”.
Conseguir realizar um longa com tão pouco dinheiro torna-se uma batalha vencida com glória. O que ainda facilita o trabalho no audiovisual aqui é Pernambuco é o edital do Funcultura, que o governo disponibiliza anualmente.
5) Como foi trabalhar com o elenco e a equipe técnica durante a produção do filme?
Foi bem tranqüilo. Começamos a afinar tudo na pré-produção, três meses antes do mês da gravação. Estávamos todos em sintonia e cada um desempenhou com muito talento o seu papel. Pernambuco está cheio de talentos que precisam ser mais aproveitados.
Um dos cartazes divulgados do filme
Fonte da imagem: AdoroCinema
6) Como você avalia o impacto que a história, que começou a ganhar notoriedade após Gilberto Freyre publicar seu livro "Assombrações do Recife Velho", na cultura Pernambucana? (Ex: História, Turismo, Arte...)
Recife respira essa cultura do assombro. Hoje temos vários segmentos nesse setor, passeios de ônibus, caminhadas, passeios pelo rio, livros, quadrinhos, banda de música e nosso filme marcando o Recife como a capital mais assombrada do Brasil.
7) Você se sente satisfeito com esse trabalho?
Sinto-me muito satisfeito. Quando a gente lança uma obra no mercado ela passa a ser do povo e isso todo mundo sabe, a diferença é que lançamos uma obra pioneira. Recife Assombrado, o espectador gostando ou não do filme, será sempre visto como o primeiro filme de terror de Pernambuco. O envelhecimento dele só fará bem para obra.
8) O longa-metragem tem previsão para lançamento em home-vídeo/canais de streaming?
Estamos trabalhando para que isso possa acontecer o mais breve possível. Nosso produtor executivo, Ulisses Brandão, está dialogando com empresas e criando estratégias para o pós-cinema!
Imagem do filme
Fonte da imagem: Twitter (@FilmeRecife)
9) E o futuro após "Recife Assombrado - O filme", como vai ser?
Nossa ideia sempre foi fazer uma franquia. Estamos trabalhando no roteiro do filme 2 e também colocando projetos paralelos nesse mesmo universo assombrado. Agora é torcer para que tudo saia bem!
Fim da entrevista.
E essa foi a entrevista com o diretor Adriano Portela, um cineasta bastante talentoso que mostrou ter muito orgulho de fazer cinema de gênero em nosso país, sobretudo no estado de Pernambuco. Algo mencionado na entrevista, a frase "O envelhecimento dele só fará bem para a obra" se encaixa perfeitamente nesse contexto, uma vez que o horror nacional está ganhando uma proporção de admiradores a cada ano, e obras lançadas anteriormente também são revisitadas, vistas com um outro olhar.
Recife Assombrado - O filme mostrou a que veio e trouxe impacto, algo que ficará ainda mais evidente com o passar do tempo, já que temos aqui o pontapé inicial para filmes de Terror em Pernambuco, algo que deve aumentar nos próximos anos. Espero que nossos cineastas promissores abracem a causa, mostrando que no estado de Pernambuco, o cinema de gênero tem sua força.
Gostou da entrevista e se interessou pelo filme? Então, essa é sua chance! A Viu Cine - que produziu o filme - irá realizar uma live em seu canal do YouTube (https://bit.ly/3bRbgIO) na próxima Sexta-Feira (01/05), onde teremos uma transmissão única do filme Recife Assombrado a partir das 20h. Então, já sabe o que fazer, não é?! Tem que ficar ligado nas redes sociais da Viu Cine e do NerdSpeaking, acessar e assinar o canal da produtora e ativar o lembrete para não perder a transmissão do filme. Avisa aos amiginhxs, haters, parentes, vizinhos e prepara a pipoquinha, o refri, cervejinha, etc... E vamos conhecer o Recife Assombrado!
E essa foi a entrevista com o diretor Adriano Portela, um cineasta bastante talentoso que mostrou ter muito orgulho de fazer cinema de gênero em nosso país, sobretudo no estado de Pernambuco. Algo mencionado na entrevista, a frase "O envelhecimento dele só fará bem para a obra" se encaixa perfeitamente nesse contexto, uma vez que o horror nacional está ganhando uma proporção de admiradores a cada ano, e obras lançadas anteriormente também são revisitadas, vistas com um outro olhar.
Imagem do filme
Fonte da imagem: Revista AlgoMais
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Arte da capa: Tv Jornal - Uol
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