02/01/2020

Mergulhando no mundo desconhecido de Frozen II




   O lançamento de Frozen II aqui no Brasil já está causando barulho. O filme já tem a terceira maior bilheteria na história da animação e nem todos os países já fizeram seus lançamentos! Mas... será que é bom?





   Frozen II é a continuação do sucesso Frozen (2013), que conta a história de duas irmãs princesas, sendo uma delas dotada de poderes de criar gelo, geada e neve. Elsa e Anna vivem no pequeno reino norueguês chamado Arendelle. Após um acidente envolvendo os poderes de Elsa com sua irmã, as duas ainda crianças são separadas pelos pais, que temem os poderes mágicos de sua filha. Entretanto, após a morte do rei e da rainha, Elsa precisa assumir a responsabilidade do trono e se reconectar com sua irmã Anna. O que ela não temia é que seus poderes seriam tão difíceis de controlar e ela acaba causando um inverno tenebroso em seu reino, colocando em risco a vida de sua irmã e de todos que ela ama. Em Frozen II, embarcamos numa jornada para descobrir a origem dos poderes de Elsa.

Esse texto é um análise sem spoiler da animação sequência Frozen II.

(Imagem: divulgação do filme)

Elsa é uma princesa mal escrita


   A Disney tem o dom de escrever princesas que conseguem a empatia do público. Elas tem personalidades vibrantes, são corajosas, tem anseios e objetivos, mas também, tem medos e falhas. E quando a busca se torna insuportável, elas cantam a plenos pulmões. Em geral é assim que funciona. A história de Frozen é baseada no conto de Hans Christian Andersen de nome The Snow Queen e foi um desafio para os roteiristas Jennifer Lee e Chris Buck, já que a rainha da neve tinha uma personalidade um tanto abstrata demais. Peter Del Vecho, o produtor do filme, discutiu sua evolução com a revista People . Ele disse: "Quando começamos, Anna e Elsa não eram irmãs ... Elsa era uma auto-proclamada rainha das Neves, mas era uma vilã e pura maldade - muito mais como a história de Hans Christian Andersen". 

(Imagem: Wikipedia)

   A mudança se deu após a equipe ouvir a música 'Let It Go' e viu que esta possuía muitos aspectos positivos para um vilão. Então, Elsa passa a ser uma personagem isolada que tem o medo como seu norte. Na verdade esse é o único sentimento que impulsiona a personagem. Isso fica claro quando ouvimos a música 'Você quer brincar na Neve' e temos a oportunidade de conhecer a Anna melhor. Descobrimos que ela é uma criança divertida e elétrica, que quer viver aventuras com sua irmã.

   Por outro lado, a personalidade de Elsa permanece um completo mistério do outro lado da porta de seu quarto. Nenhuma tentativa de sair, nenhum dialogo que esclarece o que se passa na mente da Elsa criança que acata as ordens de permanecer no quarto. Na música, 'Por Uma Vez Na Eternidade' temos mais uma oportunidade de conhecer os pensamentos das personagens após a morte do rei e da rainha. Anna, agora crescida, tem um novo objetivo: Sair do castelos e conhecer novas pessoas e, quem sabe, um par romântico.

   Paralelamente, acompanhamos Elsa ainda dominada pelo medo de descobrirem seus poderes - e nem sabemos ao certo o que de tão ruim aconteceria se caso as pessoas descobrissem mesmo. Só temos um real panorama do que realmente se passa na cabeça de Elsa na música 'Let It Go' após a personagem mais uma vez ser coagida pelo medo e fugir das suas responsabilidades. Ela passa o resto do filme isolada tal qual no inicio, não tem nenhum crescimento enquanto personagem por conta desse isolamento e só toma uma atitude ativa no final do filme mais uma vez por medo de perder sua irmão Anna. 

(Imagem: Cena do filme Frozen/2013)


   Por isso, quando foi anunciado Frozen II, eu deduzi que seria um filme perfeito para trabalhar melhor aspecto da personalidade daquela que é a o rosto do filme e expandir o mundo de Arendell.

Vamos a crítica propriamente dita

   Vamos falar dos aspectos bons primeiros. Obviamente, a animação deste filme é fantástica. E deveria ser mesmo. O longa contou com 75 animadores trabalhando em 4 anos e alguns filmes para treinar mais técnicas de animação como: Moana, Big Heroes 6 e Wifi Ralph nesse meio tempo. O programa usado para animar o cabelo de Moana(2016), chamado Quicksilver foi também utilizado em Fozen II para dar mais realismo aos movimentos dos personagens. Assim como cavalo de água de Elsa também foi animado usando a mesma técnica do oceano vivo em Moana.

(Imagem: Insider - Frozen II)

   As jóias na roupa de Elsa, a textura da capa de Anna são minimamente detalhadas nesse novo makeover do filme. A direção de fotografia também ficou mais madura e luz mais realisticamente bem animada em relação ao primeiro filme. As músicas tem uma qualidade similar, 'Into the Unknow' e 'Show Yourself' sendo as mais profundas e bem escritas, apesar de na minha opinião não chegarem aos pés de' Let It Go'.

(imagem: trailer oficial)

   O filme impressiona no quesito estético mas decepciona um pouco no quesito narrativo. Os roteiristas optam por dividir os arcos em três segmentos: Elsa e Ana, Ana e Kristoff  e Olaf. O arco principal que é divulgado no trailer da origem dos poderes de Elsa acaba ficando como subplot da trama. A única ponte narrativa entre o primeiro filme e o segundo são a música tema de Arendell e algumas piadas do Olaf. E falando nele, o personagem está mais parecido em personalidade do burro do Shrek do que no boneco de neve adorável e engraçado que todos conhecemos.

   O filme ainda tem a ousadia de reproduzir a cena 'A gente já chegou' de Shrek 2(2004) e inserir muitas referências de memes nas falas de Olaf que não tenho certeza se casaram muito bem com a proposta. Kristoff infelizmente é inútil para a narrativa. Seu objetivo é facilmente alcançável se não fosse pelas artimanhas de roteiro e se torna tedioso depois de 40 minutos de filme. Ele tem pouco tempo de tela, mas isso não é exclusividade do Kristoff. O filme introduz novos personagens que são tristemente desperdiçados. Simpáticos e bem construídos eles facilmente serviriam para dar mais consistência as motivações e eventos da história. Mas, infelizmente não é o que acontece. O motor de ação se divide entre Anna e Elsa que são convenientemente divididas no segundo ato do filme impossibilitando o desenvolvimento desses novos personagens. 


   Frozen II poderia ser facilmente um novo filme mas, é péssimo como continuação. É como se este filme esquecesse da narrativa do anterior e não conseguisse construir as pontes de empatia para a evolução dos personagens fazendo isso através do recurso de novas músicas 'chiclete', vestido e cabelo novo para a Elsa. Exatamente igual ao primeiro filme. 


(imagem: trailer oficial)

    Em conclusão, a animação é bem feita e funciona principalmente para impulsionar novos produtos que serão associados ao filme. Mas, a história não tem consistência e é facilmente esquecível. Um pena já que a Disney tem uma boa mão para fazer clássicos sentimentalmente inesquecíveis. E nunca achei que diria isso, mas parece que ela precisa de novos contadores de contos de fada. 



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