29/04/2019

REVIEW: Suspiria – Um remake de arte? - João F.


   Fala, meu povo! Se você é fã de filmes de terror, certamente já se deparou com Suspiria, um clássico do gênero lançado em 1977 e dirigido por Dario Argento. Em 2018, seu remake de mesmo nome foi lançado e deu o que falar por aí, com crítica e público estando bem divididos. Agora, o filme chegou ao circuito comercial brasileiro com o subtítulo broxante “A dança do medo”. Pude conferi-lo recentemente, já ciente de que poderia amar ou odiar a obra, e ainda assim não consigo 
 definir se eu realmente adorei o filme. 



   O novo Suspiria possui inúmeras qualidades, sendo uma produção visualmente muito bem feita, bem dirigida e com elenco magistral. O diretor é o Luca Guadagnino (Me chame pelo seu nome), que dá um charme único ao filme, coisa que é rara de se ver em uma refilmagem. A pegada da obra está em investir nos personagens, que possuem um desenvolvimento satisfatório. O filme se passa no final dos anos 1970 e acompanha uma Academia feminina de artes que recebe como nova aluna a Suzan Bannion (Dakota Johnson de Cinquenta Tons de Cinza), uma jovem estadunidense que sonhava em entrar para a instituição. No entanto, o lugar guarda muitos mistérios, desde o desaparecimento repentino de alunas até seu corpo docente, composto por um covil de bruxas secreto, comandado pela Madame Blanc (Tilda Swinton). Assim, acontecimentos bizarros vão ganhando espaço na história.

 


    Você pode estar pensando que eu soltei algum spoiler, mas a revelação de que aquilo tudo possuía um covil de bruxas nos bastidores é algo que os materiais divulgados já sugerem. E, com essa sinopse, não pense que se trata de algo na linha de ‘AHS: Coven’, pois nem mesmo o rumo tomado pelo filme original de 1977 é o mesmo deste. A trama é mais focada em dissecar os personagens e suas atitudes dentro da instituição, com muitas leituras que podem ser feitas graças ao contexto. 




   As interpretações que podemos ter do novo Suspiria não são unânimes, mas uma coisa é fato: o filme não abusa de recursos de um ‘horror de arte’ à toa, visto que não possui jumpscares (aqueles sustos que só assustam porque são de repente) ou clichês do gênero, estando longe de ser algo convencional. Apesar da trama sobrenatural, tudo aquilo pode ser entendido como metáforas. A forma como o diretor conduz o filme sugere uma forma direta de enaltecer o poder feminino, visto que existem poucos personagens masculinos na trama, e o único que possui um papel relevante na história é interpretado por uma atriz sob pesada maquiagem. Isso pode ter sido proposital, para fortalecer o fato de que uma mulher pode desempenhar a função que bem entender, visto que apesar de ser perceptível o uso de maquiagem pesada, não é algo que incomode, deixando o espectador ainda mais curioso para entender as intenções de Guadagnino com essa refilmagem.

   Outro ponto que levei em consideração na minha análise foi o cenário: uma instituição formada apenas por mulheres, administrada por um covil de bruxas, remetendo à Idade Média, onde vários especialistas apontam que algumas praticantes de bruxaria – marcada pelo poder feminino – eram mulheres à frente do seu tempo. A presença desse elemento sobrenatural específico colabora para esse meu pensamento, mas você pode ter uma leitura completamente diferente, a depender da intimidade com o assunto.


 Em se tratando de uma produção cinematográfica, para além das leituras sugeridas da trama, Suspiria possui um grave problema de ritmo: são 2h33min de filme, numa cadência muito lenta! Existem alguns momentos bem perturbadores, de deixar o espectador atordoado, seja pelas cenas gráficas ou pelas expressões das personagens, mas nunca é assustador, uma vez que o filme apela bastante para o Drama. E se entendermos o elemento sobrenatural como uma simples metáfora, o que temos é uma obra que possui uma grande carga dramática, com alguns elementos de horror. É algo na linha de O bebê de Rosemary, só que aqui a equipe técnica chuta o balde com gosto!

   Se eu já disse bastante sobre as personagens, isso se deve aos aplausos que o elenco merece, sobretudo as protagonistas, Dakota Johnson e Tilda Swinton. As duas, junto com os coadjuvantes, nos conduzem por essa trama sinistra. Por falar em coadjuvantes, aqui eles não são deixados de lado, todos possuem importância para a história, que dedica subtramas para os mais relevantes para o roteiro. Outro ponto que merece o Tocantins inteiro são as performances de dança contemporânea, que casam muito bem com a história de Suspiria, e não dá “medo” nenhum, mas colabora para a ideia de que temos mais um ‘Horror de arte’ no circuito comercial. Isso é mais um motivo para muitos fãs de horror desavisados não gostarem do filme, visto que tantos acontecimentos bizarros podem não fazer sentido para quem busca algo mais convencional.



- Considerações finais


   Suspiria é um filme muito bem realizado, que pode ser visto até mesmo por curiosidade! Uma obra interessante para ser absorvida e posteriormente discutida. Com aspectos sobre o movimento feminista em alta, sendo pauta de muitos debates, o roteiro do filme de Luca Guadagnino pode ser uma forte colaboração para esses estudos. As reflexões sobre as possíveis metáforas também são um ponto que podem fazer com que você precise assistir ao filme novamente para poder formar uma opinião definitiva, o que, sinceramente, eu creio que seja o meu caso.



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