08/02/2018

A Importância da Nostalgia Para o Cinema - João F.


   Fala, meu povo! 2017 foi um ano em que muitos filmes conquistaram o público e acabaram entrando para a lista de melhores do ano. No ranking de muitos cinéfilos, - inclusive deste que vos escreve - está incluso o filme IT – A coisa, e para alguns, o remake live-action de A bela e a Fera. Esses filmes tem em comum um ingrediente em suas fórmulas para conquistar o público: a sensação nostálgica nos elementos mais fortes da trama. 



   É notório que algumas produções cinematográficas atuais possuem uma história que não apresente grandes novidades, mas  muitas delas se destacam pela forma como lidam com a trama, baseando-se muitas vezes no clima de naturalidade entre os personagens e até mesmo nas referências ou easter-eggs. Basta fazer uma pesquisa sobre as maiores bilheterias do cinema para confirmar que muitos dos filmes daquela lista fizeram um trabalho muito bem feito ao mexer com os sentimentos do espectador, nostalgicamente falando. 



   De 2010 pra cá, foram inúmeros filmes que utilizaram a nostalgia nas referências, como Kingsman – Serviço Secreto (2015) e sua sequência The Golden Circle (2017), que resgataram o estilo “filme de espião” da franquia 007, com a paródia, adicionando também a violência divertida característica do Matthew Vaugh. Esse é o tipo de produção corajosa, que possuem histórias originais, com doses de nostalgia através de referências a filmes do mesmo gênero, mas de um universo completamente diferente. 

   Mas, geralmente, isso acontece com sequências ou refilmagens, onde um filme que foi um dos grandes sucessos de uma geração parece ser relembrado pelos cineastas, que logo anunciam um novo filme daquele mesmo universo criado, anos atrás. Na cabeça dos estúdios que detêm os direitos dessas produções, essa é a oportunidade de obter lucro, através de uma aposta bem segura, já que quem assistiu ao “filme original” na infância/adolescência, obviamente vai conferir a sua sequência/reboot nos cinemas. É só observar alguns exemplos que deram certo recentemente, como Animais Fantásticos e Onde HabitamStar Wars VII; ou outros que apesar de terem um ar do material original, no fim acabaram pisando na bola, como Independence Day: O ressurgimento, Alien: Covenant e o bizarro A maldição de Chucky.


   Porém de todos esses filmes que citei anteriormente, aquele que mais me vem na cabeça ao falar de nostalgia, é a comédia American Pie: O Reencontro (2012). Só pra lembrar os que estão perdidos: Esse filme resgata a turma dos três primeiros filmes, agora adultos que decidem passar um fim de semana juntos para relembrar os tempos do Ensino Médio, o que envolve muitas confusões.


 Eu particularmente gosto bastante desse quarto capítulo da franquia, embora tenha também outra visão: “O reencontro” não trás nada de novo para a franquia, estando o tempo todo bebendo da fonte da nostalgia, depositando a maior parte de suas forças nesse recurso. Isso é bom, para os fãs, que fazem a festa ao rever a cara dos personagens que não davam as caras há quase dez anos, percebendo o quanto eles amadureceram, mas para a nova geração, que deseja conhecer a franquia melhor, American Pie: O reencontro não é a melhor escolha para começar. 

   Este é o típico filme feito para o fã, praticamente exclusivo. O fato de se basear completamente na nostalgia pode não trazer um resultado tão satisfatório para a maioria dos “reboots”, que além de pretenderem agradar aos fãs, também buscam um novo público. O uso da nostalgia no quarto American Pie não é como foi feito em Star Wars VII, e a coisa acaba pesando ainda mais quando o filme é uma comédia. Provavelmente quem nunca assistiu aos três primeiros filmes vai achar esse muito sem graça, mas quem os viu, riu litros. 

   O que eu quis dizer com esse exemplo? É simples: a nostalgia é um recurso que deve ser usado através de gotas, especialmente se tratando de um novo capítulo de uma franquia há muito tempo parada. Um novo filme pede uma nova história, com outra pegada. American Pie: O reencontro possui sim uma história diferente, mas o problema é que o filme inteiro parece não seguir o cenário, parecendo estar (como disse o Jim em determinada cena) “muito preso ao passado”, no fim simplesmente chovendo no molhado. 


   Quando se escreve o roteiro de um novo filme de uma já datada franquia, se busca usar os elementos que compõem a alma dos filmes originais, mas apontando a nova história em uma outra direção. Até quem é fã pode acabar se irritando quando determinado longa-metragem não arrisca nada, demonstrando insegurança em inovar, apresentando praticamente a mesma história, consequentemente tornando o desfecho muito previsível. Fica a sensação de que mesmo após tantos anos para dar um novo rumo à franquia “X”, os envolvidos na produção desses filmes acabam se prendendo demais à fórmula do filme original, mas o fato é que estamos em outra geração, e o tipo de público mudou muito. 


- Considerações finais:

   Como eu disse antes, a nostalgia deve ser inserida nos filmes de forma bem equilibrada, sem transbordar. O uso exclusivo dela como base para sustentar uma nova produção pode ser perigoso. Muitos filmes lançados nos últimos anos mostraram-se competentes e seguros ao conduzir suas tramas, usando a nostalgia apenas para fazer o espectador se sentir em casa, mas dando um novo ar para a história, sem desrespeitar o que tornou o “filme original” tão querido pelo público. A nostalgia é algo essencialmente cativante, mas também pode acabar afundando o barco. 

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