Se você estivesse nos anos 80 e lhe dissessem que os computadores em breve tomariam conta de tudo, compras, bolsas de valores, encontros amorosos e que bilhões de pessoas se conectariam por um tipo de rede... O que você faria?
Soaria um tanto absurdo, né? Mas tudo isso aconteceu e em um tempo extremamente
curto. Não é novidade que ficção científica se torne realidade sem nos darmos
conta disso. Outra ficção parece está, aos pouco, se tornando realidade é a
engenharia genética. A ideia de
manipulação genética humana já foi tema de diversos livros e filmes de ficção
científica, sempre com exagero e abstrações apocalípticas e estranhas. E algumas como Gattaca tão próximos de nossa
realidade (ou o que possivelmente ela será) que nos assustam.
O humano tem engenhado a vida a milhares de ano através da reprodução
selecionada, fortalecemos traços proveitosos de plantas e animais e nos
tornamos muito bons fazendo isso mas nunca realmente entendemos como funciona.
Até descobrirmos o código da vida: o
DNA. Uma molécula complexa que guia o crescimento, o desenvolvimento e a
reprodução de tudo o que vive. A informação é codificada na estrutura da
molécula. Quatro nucleotídeos são
pareados e formam um código que carrega instruções. Mude as instruções e
você mudará o ser que as carrega. Nós já fazemos isso com a maior parte da
nossa comida e com os animais que servem para consumo. A primeira comida
modificada em laboratório foi comercializada em 1994: O tomate flavr savr. Um
tomate com uma data de validade bem maior usando um gene extra que inibe uma
enzima que o apodrece. Hoje há porcos
super musculosos, salmões de crescimento rápido, galinhas sem penas e sapos
transparentes.
Mas os humanos ainda são em sua maioria originais de fábrica
por assim dizer. Todos frutos dos erros da natureza. Pelos menos até
agora... Mas, o que faz Gattaca ser uma realidade tão plausível? A
história de Gattaca(1997) se passa
num futuro não tão distante onde a
sociedade é controlada pelo Estado sobre a ideia de concepção social da qualidade
dos genes, na qual a manipulação genética acabou criando novas
espécies de preconceitos e divisões sociais, de
uma certa maneira legitimada pela ciência. Existem bebês projetados
que são chamados de ‘válidos’, esses ocupam cargos de maior hierarquia na
sociedade. E tem os bebês não projetados , os que são concebidos por acidente
ou “de forma natural”, esses sofrem preconceito desde o nascimento, recebem os
piores empregos e são tratados como subcategoria de humanos. O determinismo
biológico parece fazer parte dia-a-dia
sociedade. Se você foi um bebê projetado, então você será um adulto mais
alto, saudável e inteligente. E o mais importante viverá muito mais. O filme
flerta com muitos conceitos de Admirável Mundo Novo do Aldous Huxley, e por isso
pode soar um tanto sombrio.
Entretanto, não podemos negar que a ideia de nascer sem doenças
genéticas e com validade estendida é bastante tentadora. Então, por que não
estamos fazendo isso atualmente? Bom, a resposta para isso talvez seja algumas
limitações técnicas. Até recentemente edição genética era algo extremamente caro,
complicado e levava muito tempo para ser feito. E então descobrimos o CRISPR (Repetições
Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) uma proteína
bacteriana guiada por uma molécula de RNA que corta as fitas de DNA em pontos
específicos e ativa as vias de reparo. É quase como um excelente cirurgião
genético. Basicamente, eu informo a sequência que eu quero copiar ou cortar e o
Crispr replica com precisão absurda. A insulina sintética é feita dessa forma,
assim como, vários medicamentos. O que conseguimos fabricar ou replicar
atualmente são proteínas e partes do DNA e ainda sim não de forma perfeita.
Para chegarmos ao nível da sociedade de Gattaca onde a cor dos olhos, tipo de cabelo e cor da pele podem ser
previamente escolhidos precisaríamos de um mapeamento do nosso código muito
maior do que temos hoje e sem dúvida iriamos recorrer a algoritmos para
processar e intercalar tantos dados assim. O projeto Genoma Humano responsável
pelo mapeamento de doenças genéticas existe desde 1990 com o objetivo de ser
uma biblioteca de genes humanos. O Crispr também pode ser nosso maior aliado
contra o câncer.
Em 2016 alguns cientistas chineses injetaram células modificadas em um paciente com câncer agressivo. As células modificadas não possuíam o gene do câncer (editadas graças ao Crispr) e se replicaram dentro do corpo substituindo as células cancerígenas. O tratamento será usado em outro pacientes, mas, nesse ritmo em um futuro próximo o câncer poderá ser curado com apenas uma única injeção. A evolução da medicina nos fez viver mais, a expectativa de vida da raça humana nunca foi tão grande. E se conseguimos viver 100 anos facilmente hoje, dentro de alguns anos vamos desconhecer o envelhecimento. E já estamos trabalhando nisso, empresas como a Calico criada pela Google para descobrir como combater o desgaste nas nossas células, recebem bilhões em financiamento para descobri o elixir da vida. Ainda esbarramos em questões éticas e religiosas, contudo, quando o primeiro bebê-design nascer será como um caminho sem volta. Um novo conceito de “normal” vai nascer com esses novos humanos e eles vão alterar nossa espécie para sempre.
Em 2016 alguns cientistas chineses injetaram células modificadas em um paciente com câncer agressivo. As células modificadas não possuíam o gene do câncer (editadas graças ao Crispr) e se replicaram dentro do corpo substituindo as células cancerígenas. O tratamento será usado em outro pacientes, mas, nesse ritmo em um futuro próximo o câncer poderá ser curado com apenas uma única injeção. A evolução da medicina nos fez viver mais, a expectativa de vida da raça humana nunca foi tão grande. E se conseguimos viver 100 anos facilmente hoje, dentro de alguns anos vamos desconhecer o envelhecimento. E já estamos trabalhando nisso, empresas como a Calico criada pela Google para descobrir como combater o desgaste nas nossas células, recebem bilhões em financiamento para descobri o elixir da vida. Ainda esbarramos em questões éticas e religiosas, contudo, quando o primeiro bebê-design nascer será como um caminho sem volta. Um novo conceito de “normal” vai nascer com esses novos humanos e eles vão alterar nossa espécie para sempre.
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