17/01/2018

Laranjas Mecânicas, Humanos Transgênicos. - Mallu


   Se você estivesse nos anos 80 e lhe dissessem que os computadores em breve tomariam conta de tudo, compras, bolsas de valores, encontros amorosos e que bilhões de pessoas se conectariam por um tipo de rede... O que você faria?


 Soaria um tanto absurdo, né? Mas tudo isso aconteceu e em um tempo extremamente curto. Não é novidade que ficção científica se torne realidade sem nos darmos conta disso. Outra ficção parece está, aos pouco, se tornando realidade é a engenharia genética.  A ideia de manipulação genética humana já foi tema de diversos livros e filmes de ficção científica, sempre com exagero e abstrações apocalípticas e estranhas.  E algumas como Gattaca tão próximos de nossa realidade (ou o que possivelmente ela será) que nos assustam.



   O humano tem engenhado a vida a milhares de ano através da reprodução selecionada, fortalecemos traços proveitosos de plantas e animais e nos tornamos muito bons fazendo isso mas nunca realmente entendemos como funciona. Até descobrirmos  o código da vida: o DNA. Uma molécula complexa que guia o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução de tudo o que vive. A informação é codificada na estrutura da molécula. Quatro nucleotídeos são  pareados e formam um código que carrega instruções. Mude as instruções e você mudará o ser que as carrega. Nós já fazemos isso com a maior parte da nossa comida e com os animais que servem para consumo. A primeira comida modificada em laboratório foi comercializada em 1994: O tomate flavr savr. Um tomate com uma data de validade bem maior usando um gene extra que inibe uma enzima que o apodrece.  Hoje há porcos super musculosos, salmões de crescimento rápido, galinhas sem penas e sapos transparentes.



   Mas os humanos ainda são em sua maioria originais de fábrica por assim dizer. Todos frutos dos erros da natureza. Pelos menos até agora... Mas, o que faz Gattaca ser uma realidade tão plausível? A história de Gattaca(1997)  se passa num  futuro não tão distante onde a sociedade é controlada pelo Estado sobre a ideia de concepção social da qualidade dos genes, na qual a manipulação genética acabou criando novas espécies de preconceitos e divisões sociais, de uma certa maneira legitimada pela ciência. Existem bebês projetados que são chamados de ‘válidos’, esses ocupam cargos de maior hierarquia na sociedade. E tem os bebês não projetados , os que são concebidos por acidente ou “de forma natural”, esses sofrem preconceito desde o nascimento, recebem os piores empregos e são tratados como subcategoria de humanos. O determinismo biológico parece fazer parte dia-a-dia  sociedade. Se você foi um bebê projetado, então você será um adulto mais alto, saudável e inteligente. E o mais importante viverá muito mais. O filme flerta com muitos conceitos de Admirável Mundo Novo do Aldous Huxley, e por isso pode soar um tanto sombrio.


   Entretanto, não podemos negar que a ideia de nascer sem doenças genéticas e com validade estendida é bastante tentadora. Então, por que não estamos fazendo isso atualmente? Bom, a resposta para isso talvez seja algumas limitações técnicas. Até recentemente edição genética era algo extremamente caro, complicado e levava muito tempo para ser feito. E então descobrimos o CRISPR (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) uma proteína bacteriana guiada por uma molécula de RNA que corta as fitas de DNA em pontos específicos e ativa as vias de reparo. É quase como um excelente cirurgião genético. Basicamente, eu informo a sequência que eu quero copiar ou cortar e o Crispr replica com precisão absurda. A insulina sintética é feita dessa forma, assim como, vários medicamentos. O que conseguimos fabricar ou replicar atualmente são proteínas e partes do DNA e ainda sim não de forma perfeita. Para chegarmos ao nível da sociedade de Gattaca onde a cor dos olhos,  tipo de cabelo e cor da pele podem ser previamente escolhidos precisaríamos de um mapeamento do nosso código muito maior do que temos hoje e sem dúvida iriamos recorrer a algoritmos para processar e intercalar tantos dados assim. O projeto Genoma Humano responsável pelo mapeamento de doenças genéticas existe desde 1990 com o objetivo de ser uma biblioteca de genes humanos. O Crispr também pode ser nosso maior aliado contra o câncer. 

   Em 2016 alguns cientistas chineses injetaram células modificadas em um paciente com câncer agressivo. As células modificadas  não possuíam o gene do câncer (editadas graças ao Crispr) e se replicaram dentro do corpo substituindo as células cancerígenas. O tratamento será usado em outro pacientes, mas, nesse ritmo em um futuro próximo o câncer poderá ser curado com apenas uma única injeção. A evolução da medicina nos fez viver mais, a expectativa de vida da raça humana nunca foi tão grande. E se conseguimos viver 100 anos facilmente hoje, dentro de alguns anos vamos desconhecer o envelhecimento. E já estamos trabalhando nisso, empresas como a Calico criada pela Google para descobrir como combater o desgaste nas nossas células, recebem bilhões em financiamento para descobri o elixir da vida. Ainda esbarramos em questões éticas e religiosas, contudo, quando o primeiro bebê-design nascer será como um caminho sem volta. Um novo conceito de “normal” vai nascer com esses novos humanos e eles vão alterar nossa espécie para sempre.


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