04/10/2017

REVIEW - Bingo, O Rei das Manhãs - João F.


   Fala, meu povo! Depois de “It – a coisa”, é hora de fazer a análise de mais um filme com palhaços. Estamos falando de “Bingo, o Rei das manhãs”, produção nacional que tem ganhado elogios do público e da crítica, sendo inspirado na história de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo durante os anos 1980! Confiram. 


   Pra quem não conhece, o Bozo foi uma febre mundial nas televisões brasileiras durante os anos 1980 e início dos anos 1990. Ele foi importado dos Estados Unidos por Silvio Santos, para o SBT, comandando um programa matinal. Durante todo seu auge, o palhaço foi interpretado por diversas figuras. Um dos que mais se destacou foi o Arlindo Barreto, cuja história inspirou o filme. Por conta de direitos autorais, a maioria dos nomes dos personagens reais foi trocada, assim como novas figuras foram inseridas na história. Por isso o palhaço se chama Bingo (Gretchen continua sendo Gretchen). A vida do ator durante esse período foi repleta de polêmicas, já que ele se envolveu com drogas pesadas e frequentou muitas casas noturnas, chegando até mesmo a fazer uso dos entorpecentes nos bastidores do programa. Isso até ele entrar para a Igreja Evangélica, onde finalmente se encontrou.


   Bem, aqui o nome Arlindo Barreto foi trocado por Augusto Mendes, sendo interpretado pelo talentoso Vladmir Brichta. No filme, ele é um ator famoso por protagonizar pornochanchadas, um subgênero bastante famoso no Brasil durante a década de 1980. No intuito de interpretar um personagem de uma história indicada para a família, ele acaba por ser selecionado para interpretar Bingo, uma figura responsável por altos índices de audiência em solo norte-americano, tendo seu próprio programa televisivo. Mas ele fica frustrado por não poder se revelar como o homem por trás da maquiagem, e isso somado à exaustão por gravar no set o dia inteiro o leva a se envolver com drogas pesadas – numa pegada parecida com o que foi mostrado em “Réquiem para um sonho” – e frequentemente passando suas noites em bares e casas noturnas, fazendo com que não dê atenção ao filho pequeno e colocando sua carreira e sua sanidade mental em risco.


Por que esse filme merece uma indicação ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro?

   O roteiro é simplesmente brilhante, construindo um filme de drama com uns toques de comédia e trabalhando em cima de vários conflitos na vida do protagonista, como a relação complexa entre ele e seu filho por conta da sua ausência. Tendo em vista que o filme é completamente focado no protagonista, sofremos com ele durante toda a história, bem como sentimos na pele o impacto de suas escolhas. Quando fiz acima a comparação com o filme do Darren Aronofsky, me refiro não só ao uso compulsivo das substâncias, mas também das conseqüências trágicas que conduzem o personagem para um caminho sombrio. É o tipo de filme que faz com que a gente se importe com os personagens, sejam principais ou coadjuvantes. Acompanhamos toda a história e todos os dramas do personagem principal, assim como o efeito disso na vida das pessoas ligadas a ele.



O time dentro e fora das câmeras

Daniel Rezende é o diretor do filme, sendo novato nessa cadeira, mas não no mundo do cinema. Ele se destacou trabalhando como editor de alguns filmes, sendo “Tropa de Elite” 1 e 2; “Robocop (2014)” e “Cidade de Deus” os mais conhecidos. Ele soube muito bem como conduzir a história, fazendo com que os 113 minutos de filme passassem de forma bem rápida, entregando ao espectador não só uma trama interessante mas também uma viagem no tempo para os anos 1980, com elementos próprios dessa época presentes durante toda a história, relembrando quem viveu esse período e marcando quem é fruto da década seguinte – meu caso.

OH MY FUCKING GOD! Chegou a hora de falar do elenco. Impossível definir esse time com outra palavra sem ser: EXCEPCIONAL! Todos eles são ótimos em seus papeis, entregando atuações bem naturais. Apesar de absolutamente todo mundo possuir seu mérito para realizar a entrega de um filme brilhante, o desempenho deles é ofuscado pelo personagem principal. O Vladimir Brichta, que interpreta o Augusto, se mostra uma escolha certeira, sem dúvidas. Ele já possui um currículo bem relevante, atuando em novelas, minisséries e programas humorísticos da Rede Globo, e aqui está o personagem que irá marcar sua carreira para sempre. Ele possui um carisma que cativa de imediato o espectador, além de encarnar muito bem o palhaço Bingo, com características para o humor pastelão.

 Na verdade, Vladimir interpreta duas figuras bem diferentes, pois enquanto o Augusto possui uma carga bem dramática em sua história, com o personagem mergulhando no submundo das drogas, o Bingo torna-se uma figura que durante boa parte do tempo mascara todo esse dilema do homem por baixo da maquiagem. E à medida que o Augusto interfere no mundo do Bingo, Brichta se mostra cada vez mais competente, proporcionando muitas cenas que sem dúvida irão causar reflexões.



Mas, o que seria do filme sem os seus coadjuvantes? Possivelmente uma história fraca que só não é ruim por conta do protagonista. Felizmente, este não é o caso de “Bingo, O Rei das Manhãs”. Aqui temos como destaques Leandra Leal, interpretando a diretora do tal programa, uma mulher autoritária por quem Augusto de imediato sente-se atraído, apesar de seu jeito a espantar; e Cauã Martins como Gabriel, o filho do personagem principal que tanto sofre com a ausência do pai. Já no campo das participações especiais, entre rostos como Pedro Bial, Emanuelle Araújo (Que apesar de aparecer pouco como Gretchen, brilha em cena) e Tainá Muller (A única com quem não simpatizei muito), nos deparamos com uma figura bem familiar: Domingos Montagner, falecido no ano passado. Aqui Domingos interpreta um palhaço de circo que serve de “mentor” para o Augusto. Ainda que tenha bem pouco tempo de cena, ele pode até deixar escapar uma lágrima do espectador, já que a sua carreira começou no circo, assim como sua última aparição foi dentro desse mundo. Mesmo com poucos minutos, vemos todo o amor de Domingos Montagner pelos palcos.



Considerações finais

Desde 1999, com “Central do Brasil”, o Brasil não aparece na lista de Indicados a Melhor Filme Estrangeiro do Óscar. A chance de conseguir um lugar nessa lista é agora, pois Bingo vai representar nosso país nessa categoria. Desta vez eu tenho grandes expectativas para que o filme de Daniel Rezende tenha êxito na missão, pois da última vez o filme pelo qual torci foi “Aquarius” (Com a Sônia Braga), que não foi escolhido para nos representar no Óscar. Bom, estou apostando minhas fichas em “Bingo – O rei das manhãs”, filme que mesmo acabando por não aparecer na lista de Indicados a Melhor Filme Estrangeiro, sem dúvida vai marcar essa geração, quem sabe tornando-o futuramente tão bem reconhecido como um “Pixote”,  “Central do Brasil” ou “Cidade de Deus”




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