28/11/2016

Inferno; Até quando? - João F.


 Fala, meu povo! O filme Inferno – sequência de Anjos e Demônios (2009) – ainda está nos cinemas, estrelado por Tom Hanks como o renomado professor universitário Robert Langdon, que mais uma vez terá que impedir que uma ameaça à humanidade seja concretizada. Porém, fica a pergunta: até quando?

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  O livro no qual o filme se baseia foi lançado por Dan Brown em 2013, e diferente do que acontece nos cinemas, Inferno é o quarto livro a ter Professor Langdon como protagonista principal. Aqui, nosso simbologista favorito acorda em um hospital sem lembrar de nada que ocorreu nas últimas 48 horas, lembrando nem mesmo de ter ido parar em Florença, já que sua última lembrança é de estar na Universidade de Harvard, onde trabalha. Tendo que correr contra o tempo e escapar de mercenários contratados para eliminá-lo, Langdon conta com a ajuda apenas da Dra. Sienna Brooks (Felicity Jones, com um papel bem raso) para desvendar mistérios envolvendo o clássico A divina comédia, de Dante Alighieri, descobrindo em seguida que a resolução dos casos pode evitar a extinção da maior parte da humanidade.


      O filme até tem um bom começo, seguindo fielmente as primeiras páginas do livro no qual se baseou, com alterações mínimas. Infelizmente, isso só dura até a metade do longa, com as coisas se perdendo aos poucos. Quando o filme acaba, fica a impressão de que Ron Howard (diretor do filme) leu o livro até a metade, lavando as mãos para o restante do desenvolvimento da história. No caso deste filme, é necessária uma breve comparação com o material de origem, pois as seguintes mudanças alteram até mesmo o rumo da história. Enquanto o personagem de Omar Sy ganha um pouco mais de importância – que infelizmente também não dura muito – do que na obra, as motivações de Bertrand Zorbist (Ben Forster, o Anjo de X-men: O confronto final) até têm seu espaço, mas o personagem não tem nada de ameaçador. O enredo não modifica seu plano, mas torna sua aplicação bem “rasa”. O final da história, para quem leu o livro, será decepcionante, pois tudo foi modificado para dois fins: fazer com que tudo caiba apertado dentro de 117 minutos; e criar mais ação, que seria bem mais empolgante se isso não acontecesse apenas no desfecho da história, de certa forma “corrido” demais.


    Obviamente, o livro sempre será mais explicativo do que o filme, mas acontece que Howard não demonstrou mais segurança no andamento do filme após 1h com as coisas correndo até então, bem. O restante da história não foi apenas alterada, mas também prejudicada. Sim, isso prejudicou a química entre os personagens e principalmente a passagem pelos museus onde os protagonistas devem investigar, um fato que ocorre de forma tão rápida que Langdon entra no local, e em um piscar de olhos já está saindo, sem manter a observação detalhista nos artefatos antigos e obras artísticas que são marca registrada dos livros de Dan Brown, e que o autor sempre faz questão de enfatizar no livro. Quando isso acontece no filme, dá-se a impressão de que o diretor percebeu que deixou as coisas fugiram do rumo e, ao retomar as rédeas da história, faz tudo na correria, com o intuito apenas de terminar o filme, sem se preocupar tanto no que os espectadores vão achar, pois, afinal, os filmes que seguiram O código Da Vinci (2006) não saem mal na bilheteria. Sendo assim, Inferno parece mais um daqueles filmes que servem apenas para arrecadar o suficiente para que a produção continue. 

   Falando no filme de 2006, é aquele ditado “... e a história se repete, dez anos depois”. E olhe que se repete, mesmo! O maior defeito da primeira adaptação dos livros de Dan Brown foi não focar no desenvolvimento dos personagens e valorizar mais o espaço físico em si. Já Inferno começa tentando fazer justamente o contrário, o que até consegue fazer em poucos momentos – como a química (que não está nos livros) entre Langdon e a Dra. Elizabeth Sinskey (Sidse Babett Knudsen) – mas quando as coisas escapam do controle de Ron Howard, também se torna insossa a construção da personalidade dos personagens, e tudo piora quando ele retoma as rédeas. Resumidamente, Inferno  comete o mesmo erro que O código Da Vinci, com a diferença de que o primeiro filme já começa errado, sem iludir ninguém. 


    Se serve de consolo, o filme serve para uma coisa útil: aumentar a popularidade de Tom Hanks em filmes de suspense. O ator tem sua fama desde os anos 1980, e os filmes de Ron Howard trazem outra visão do magnífico ator, com sua digna atuação. Quando se lê os livros de Brown, em uma parte em que Langdon aparece, já é projetada a imagem do ator em nossas mentes. Pena que o filme não aproveita o potencial que tem. Se o problema de fato for a duração, seria mais digno aumentá-la, cabendo no orçamento. Há sim um risco maior, porém, isso faria com que o filme desse ao espectador um desenvolvimento que reflete um trabalho bem feito, podendo se tornar o melhor dos três filmes. Quem leu o livro, sabe do que estou falando, pois ele aborda temas recorrentes em pesquisas científicas que atraem muitos olhares e críticas aos acontecimentos.

- Considerações Finais:

   Sendo assim, completo a pergunta: até quando as adaptações vão ter o mesmo calo? O mais novo filme das aventuras de Robert Langdon é “só mais uma adaptação” sem nada de novo a mostrar aos espectadores, até mesmo para quem leu o livro. Talvez seja a hora de dar uma pausa por aqui, pois foram necessários sete anos para que o personagem de Tom Hanks voltasse ao cinema, o que poderia ser refletido em anos procurando melhorar e superar os defeitos dos dois filmes anteriores, o que apenas se repetiu em Inferno. Ron Howard, se não quer ajudar, não atrapalhe! 



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